Existe um tema muito interessante e que atormenta muitas pessoas que estão em procissão para comprar um carro: Qual tipo de motor escolher, 8 ou 16 válvulas? Muitos pré-conceitos e algumas lendas serão desmitificadas neste artigo e você pode descobrir que esta andando em um ótimo carro, não em um mico de mercado.
Ostentar um logotipo “16v” no carro durante boa parte da década de 90 era coisa para carro de luxo no Brasil, até que o cabeçote multi-válvulas começou a chegar nos veículos mais populares com motor 1000. Era comum modelos como Palio 1.0 16v, Corsa 1.0 16v, Gol 1.0 16v, mas onde foram parar esses carros?
Hoje são poucas as fábricas que apostam suas fichas na tecnologia multi-válvulas no Brasil nos carros que estão na base da pirâmide veícular, os chamados veículos populares, pois alguns problemas “queimaram o filme” deste tipo interessante de motor.
O que era símbolo de status passou a ser fonte de dor de cabeça para as fábricas, pois investiram muito dinheiro nesses motores com cabeçotes modernos e o consumidor não deu a resposta que eles esperavam.
Pode parecer mais caro para uma fábrica montar um motor multiválvulas no Brasil, porém a verdade é que somos um dos poucos países que ainda prefere o motor com 2 válvulas por cilindro, gerando mais gastos com desenvolvimento de tecnologia local.
Na Europa, onde o cabeçote multiválvulas se espalhou com mais velocidade, o motorista que possui um carro com motor de baixa capacidade cúbica entende que tem um carro com motor fraco e acha mais importante a ecônomia que este tipo de motor faz.
Já no Brasil a história é outra. O Brasileiro médio acha que carro dá poder e status, então arrancar na frente do companheiro de semáforo é um item considerado ao se comprar um carro e essa mania deixa as fábricas com o juizo quente pois tem que inventar combinações inexistentes em todo o mundo.
Como os motores multiválvulas mais antigos possuem uma letargia em baixas rotações, criou-se a fama de que carro 16v é fraco. A indústria trabalhou em soluções para este problema, mas o estrago já estava feito e os carros 16v passaram a encalhar no estoque.
Hoje temos motores com cabeçotes que minimizam o baixo torque em rotações mais baixas modificando o tempo de abertura das válvuas de diversas formas que serão abordadas em outro artigo, porém você pode reconhecer um carro equipado com este tecnologia quando traz siglas como VVT, VVTi ou VTEC.
Além disso podemos também ter coletores de admissão com geometria variável como no motor 1.8 16v que equipava a Chevrolet Meriva. Com 122 cv e 17,3 mkgf, este motor consegue entregar todo o torque a 3600 rpm, uma rotação muito baixa para este tipo de motor, quebrando o mito por vez de que motor 16v sempre é fraco em baixas rotações.
Estes motores 16v são projetados para trabalhar em maiores rotações e são muito gostosos de acelerar. Um bom exemplo de motor fraco em baixa rotações mas muito bom de ser acelerado era o motor 1.6 16v do Fiat Palio lançando em 1996 que associado a um escalonamento de cambio muito bom era divertido de ser guiado.
Porém o motorista padrão quer sair do semáforo rápido, passar as marchas e depois diminui-las o mínimo possível e ai que aparecem as falhas dos motores 16v. Como ele tem maior vazão de ar e combustível, o motor acaba tendo uma menor eficiencia volumetrica devido a quantidade maior de combustível a ser queimado.
Porém o jogo vira quando as rotações sobem. Imagine-se fazendo cooper de manhã cedo na praça do seu condomínio, quando caminha até a praça sua respiração é lenta e controlada, quando chega a pista de cooper e começar a correr, haverá uma maior necessidade de ar para alimentar suas células e nosso corpo sabe como responder a este estímulo.
Em um motor acontece algo parecido. Quando estamos em rotação lenta, a necessidade da mistura ar-combustível a ser queimado é pequena, porém quando o carro é acelerado, esta necessidade aumenta, porém em um motor comum a abertura das válvulas continuará com o mesmo tempo utilizado nas rotações baixas, gerando uma falta de enérgia para completar o trabalho da melhor maneira possível.
Um motor 16 válvulas em alta rotação tem ganhos significativos sobre um motor 8 válvulas pois pode “respirar” melhor quando está em alta rotação e por isso ele ele é indicados para quem gosta muito de pegar a estrada, ou quem tem uma toca mais esportiva ao volante.
Já o motor 8 válvulas responde melhor em baixas rotações, porém a medida que os giros vão subindo, a sensação de “estrangulamento” vai aumentando e o motor perde eficiência volumétrica, gerando menor potência específica.
Existem alguns mitos sobre o motor 16v estragaram a reputação de muitos carros interessantes que tinhamos no mercado. As 4 maiores fábricas do Brasil praticamente retiraram de seus catálogos os motores multiválvulas em seus veículos.
Peguem o caso da GM por exemplo que em 1999 tinha em linha os seguintes carros com motores com multiválvulas: Corsa 1.0 16v, Corsa 1.6 16v, Vectra 2.2 16v e Astra 2.0 16v. Ou seja, praticamente do carro pequeno ao maior existiam versões com motores multiválvulas.
A Volkswagem chegou a lançar o motor 1.0 mais moderno do mundo que equipava o Gol 1.0 turbo com 112 cv de potência, comando de válvula variável (VVT) e diversas tecnologias que hoje em dia só encontramos em carros bem mais caros.
A Ford tinha o ótimo motor Zetec 1.4 no Fiesta lançado em 1996, que devido aos comentários maldosos dos mecânicos virou peça de museu. O Escort com o motor 1.8 16v também sofreu muito com a fama de “motor que não podia ser retíficado”.
A Fiat possuía um motor com 20 válvulas nessa época, que equipava o Marea e possuia 5 cilindros, o Palio 1.0 16v, Palio 1.6 16v e depois o Palio 1.3 16v, sendo que os motores 1.0 e 1.3 já pertenciam a família F.I.R.E.
Hoje praticamente não temos mais veículos com cabeçote multiválvulas nessas fábricas. A Volkswagen não tem mais nenhum carro nacional com motor 16v, assim como a GM que aposentou os motores X20XE e X24XE devido a novas normas de controle ambiental.
A Fiat utiliza em boa parte dos seus carro motores com apenas 2 válvulas por cilindro, com excessão do Linea que tem motores 16v tanto nas versões com motor 1.9 ou 1.4 T-jet e do Punto na versão T-jet
A Ford utiliza motores multiválvulas para o Novo Focus equipado com o motor Duratec 2.0, porém a geração anterior é vendida com o motor Zetec Rocam que possui 2 válvulas por cilindro.
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